segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Fui no Tororó, Fonte Nova não achei.

Eu diria que este domingo foi pra sentir saudade. Para muitos, doces lembranças. Para alguns, nem tanto. Uma multidão se uniu nos arredores do Dique do Tororó para assistir a implosão do anel superior da velha Fonte que também foi transmitida ao vivo. Um espetáculo do descaso.

São tantas emoções já vividas naquelas arquibancadas, que só este que vos escreve teria histórias pra contar em um livro. Cresci indo pra Fonte. Durante muito tempo ia ver meu Baêa em quase todos os jogos, e até o vice eu ia lá secar de vez enquando. E a sensação de pisar naquele gramado gigantesco... Indescritível! Gostava muito daquele clima! Da concentração na casa do meu tio Bery (Bahia doente) na Ladeira dos Galés, onde nos reuníamos família e amigos tricolores pra aquecer o gogó. Da comédia que era encontrar cada figurassa descendo os Galés gritando BBMP!!! Do churrasco de gato (ou rato) da melhor qualidade na porta do Estádio. Tive a honra de ver in loco meu time ser campeão várias vezes e jamais vou esquecer das lembranças, tanto as boas quando MP brocava, quanto as ruins quando eu subia a ladeira de volta pra casa de mal com o mundo porque meu Baêa havia perdido (raras vezes porque sempre fui pé-quente!). Mesmo sendo o Octávio Mangabeira patrimônio do Estado da Bahia e servindo como mando de campo tanto para o Bahia como para o Vitória, aquilo tudo era tricolor! E era tudo tão lindo que até a torcida mista (atrás do gol lembra?), em dia de BAVICE ficava muito mais azul, vermelha e branca do que rubro-negra (é óbvio!) e ainda assim os torcedores do vitorinha torciam tranquilos pro seu timeco. Naquela época a violência não era assustadora como é hoje, cada um em seu curral pra não rolar pau...


Ontem muitos torcedores reviveram histórias inesquecíveis em tempos de glória da Fonte. Aguardam dos magnatas a realização dos projetos magníficos da Arena Fonte Nova que será sede da Copa do Mundo de 14. Infelizmente os poderosos e os reponsáveis fazem questão de esquecer daquele 25 de novembro de 2007, quando uma parte do mesmo anel superior implodido ontem, cedeu matando 7 pessoas e ferindo mais de 300. Naquela ocasião o Governo e a SUDESB havia autorizado a capacidade máxima para Bahia x Vila Nova após uma "reforma" do estádio. As famílias das vítimas sofrem e nunca foram devidamente indenizadas até hoje, enquanto o Zé Povinho festeja e bate palmas para os escombros da velha Fonte. Lamentável...



4 comentários:

Bruno Dias disse...

Só quem esteve lá conhece a dor e a alegria de ser Bahia...

Dr. Livigstone Tavares disse...

Eu não consigo ver o fim, e sim o ressurgimento. Espero que a fonte nova nova volte a trazer alegrias aos torcedores do Bahia, e a tristeza que sempre trouxe ao escória, que tem poucas (talvez nenhuma) boa lembrança de lá.

Marcela Moura França disse...

Meu avô, meu pai e eu estudamos no Marista durante toda a nossa infância. Meu avô, que ia me buscar no final da aula, já não está entre nós e no terreno onde ficava o Marista, será construído um prédio. As lembranças são inesquecíveis, a presença física do prédio é irrelevante (embora não possa dizer o mesmo sobre meu avô) e o passar dos anos em nada diminuem a emoção de relembrar aqueles momentos. "Para o coração, pois, não há passado, nem futuro. Tudo é presença, atualidade" (Rui Barbosa - Oração aos moços". Devemos viver e amar como se a qualquer momento, tudo pudesse ser implodido.

Bruno Dias disse...

As pessoas queridas e os bons momentos são tão presentes quando ocorrem quanto nas lembranças dos que ficam.
"Devemos viver e amar como se a qualquer momento, tudo pudesse ser implodido". Sua frase é pra mim muito significativa no sentido por vc empregado.

Mas que tal implodir de uma vez por todas a diretoria do Bahia?